Época do plantio
No momento de planejar a implantação de um olival, devemos ter uma série de cuidados, onde muitas das escolhas irão influenciar diretamente o nível de sucesso de todo o empreendimento.
Com os custos crescentes de mão de obra, bem como de insumos, mudas e demais produtos e serviços necessários ao efetivo plantio de um olival, deverá o produtor adotar medidas ao menos preventivas, para minimizar a ocorrência de problemas, que ao certo implicarão muitas vezes em atrasos e grandes prejuízos.
No tocante as mudas, não podemos esquecer que hoje, na sua grande maioria, as oliveiras são propagadas através do sistema de micro-estacas, onde retiramos um pequeno pedaço da planta mãe e logo em seguida inicia-se o processo de multiplicação em ambiente controlado.
Assim, importante analisarmos todo o processo de limpeza, indução hormonal, enraizamento, início de crescimento, crescimento-poda, tutoramente e no final, envelhecimento da muda.
Durante todo esse processo, que muitas vezes poderá levar até perto de um ano, dependendo do tipo de processo adotado pelo viveirista, esse pequeno galho, que tornou-se uma nova muda, de perto de 01 metro de altura, com parte de sua copa já pré-formada, sempre esteve em ambiente artificial, totalmente controlado (muitas vezes por computador), com sensores de luminosidade, sensores de umidades do ar, sensores de umidade do solo, tudo para gerar o maior conforto possível, propiciando assim, um rápido e saudável crescimento.
Nesse ambiente, essa pequena planta ainda fora plantada em um recipiente plástico com um solo artificial, com teores de argila, areia e matéria orgânica precisamente balanceados, com o objetivo de favorecer o fácil e rápido enraizamento da mesma, com o mínimo de gasto energético, conseguindo assim um alto nível de conversão alimentar.
Ainda recebe doses precisas de macro e micronutrientes, e tem um controle preventivo de todos os patógenos, sejam eles do solo, da água e do ar, evitando-se assim o ataque de fungos, bactérias e insetos.
Agora, passado esse período ideal de em média um ano para mudas invernadas e menos de seis meses para mudas em sistema de plantio imediato, levamos essas pequenas plantas para o plantio definitivo a campo, sem nenhum dos controles artificiais anteriormente comentados.
Comparação ilustrativa, seria com retirar um bebê prematuro de uma UTI neonatal, e colocá-lo diretamente no convívio familiar, como se fosse uma criança de gestação completa e de parto natural.
Logo, não podemos descuidar da principal causa de perdas de mudas em um novo olival, o choque da transferência das mudas do viveiro para o campo. Para evitar tal ocorrência, devemos buscar o maior equilíbrio entre esses dois ambientes, ao menos no início, quando a planta passa por momentos de difícil adaptação, uma vez que no viveiro, estava protegida de tudo, inclusive do vento.
No tocante à escolha da época do plantio, inicialmente ouvimos informações de que a oliveira deveria ser plantada no início da primavera (setembro), mas essa recomendação é uniforme para quase todas as frutíferas.
Depois ouvimos informes no sentido de que poderiam ser plantadas após o inverno, e antes da chegada do novo inverno.
Na Bosque olivos, dentro da nossa realidade de solo, microclima, presença de sistema de irrigação por gotejamento, terminamos por testar diversas épocas de plantio, sendo possível observar que em cada uma ocorreram pontos positivos e negativos.
Como regra geral, podemos informar que na propriedade foram feitos plantios com maior sucesso nos meses de maio e junho, e mesmo com a ocorrência de geadas, não foram observadas perdas de mudas.
Já nos plantios realizados de setembro a dezembro, em diversos anos, observamos um índice considerável de perdas por evapotranspiração, uma vez que a muda, com folhas novas, ainda não tem a formação completa da camada protetora cerosa na cutícula da folha, favorecendo assim a desidratação, atraso e muitas vezes morte da planta.
Mesmo com a utilização da irrigação, e agora, nos últimos anos, com o plantio com polímero (gel), visando a acumulação de umidade próximo da raiz da muda, ainda assim foram obeservadas perdas.
Desta forma, recomendamos aos novos produtores que adotem todas as técnicas possíveis de aclimatação dessas mudas, e no momento de escolha da época do plantio, que façam um estudo criterioso das condições da sua propriedade, do nível de envolvimento que terão com o pomar, possibilitando assim, um maior índice de pegamento em seus plantios.
Outro fator muito importante frente aos problemas enfrentados nos últimos anos com a deriva de agroquímicos, passa a ser fundamental o novo investidor analisar as características regionais de cultura da sua região, uma vez que estando situado em pólos de produção de soja, há a possibilidade de enfrentamento de sérios problemas de desfolha e abortamento, o que poderá comprometer a retabilidade do seu olival.
20/07/2020